É muito comum as crianças que apresentam dificuldades na comunicação, já dos dois anos e meio em diante, como atraso na linguagem, troca de fonemas etc., tornarem-se agressivas com as outras crianças do seu convívio na escola, na rua, em casa.
Devido a toda essa informação inútil que é passada pelos programas de televisão, nas novelas, em que as pessoas não se respeitam ou até ficam caçoando do problema alheio, as crianças, quando encontram algo diferente do normal no seu coleguinha, partem para a gozação e chegam a faltar com respeito. O perigoso é quando, de tanto imitarem o problema do colega, acabam assimilando a dificuldade na fala dos colegas. Isso é muito comum com a gagueira: muitas crianças e até adultos assimilaram esse problema imitando os colegas e até debochando constantemente deles.
Eu já contei a história de uma professora de jardim de infância que era gaga, e as mães me ligaram preocupadas e pediram que eu falasse com a diretora para alertá-la sobre o risco desta turma assimilar a gagueira da mestra. O mais pitoresco foi que a dona do colégio era mãe da professora e não se conformava com a reinvindicação das mães. Pressionei bastante para que, pelo menos, ela procurasse um tratamento para a gagueira da sua filha.
Outra coisa muito ruim são os personagens que colocam em novelas, programas humorísticos, desenhos animados e até comerciais: eu já retirei do ar alguns comerciais que colocavam personagens imitando gagos, sendo o principal o das casas Pernambucanas, na década de 1990; na Globo também teve uma novela, Rainha da Sucata, na qual Antônio Fagundes ficou seis meses fazendo um personagem bem gago: muitos adolescentes recorreram à minha clínica com gagueira, lembrando que assimilaram imitando este personagem na infância; tem também um desenho animado de um porquinho gago.
A minha orientação para os pais quando os filhos apresentarem dificuldades na comunicação oral é que iniciem o tratamento o mais rápido possível, mas tomem muito cuidado com as terapias implantadas: os pais têm o direito de acompanhar o atendimento dos filhos no consultório do fonoaudiólogo – já ocorreram fatos assustadores, de profissionais que dormiam durante o atendimento e deixavam a criança brincando com jogos, outra chamou a manicure para fazer as unhas enquanto atendia a criança…
O sistema que utilizo é muito bom: filmar o tempo todo em vídeo a consulta e, depois, editar uma cópia em DVD para os familiares e a criança acompanharem o progresso na terapia.
Finalizando, o meu conselho é o seguinte: o seu filho não é agressivo, ele está agressivo temporariamente devido às suas dificuldades na comunicação, ele só será agressivo definitivamente se ele viver num ambiente de muita hostilidade ou se for estimulado com brincadeiras brutas: lógico que por hereditariedade pode ocorrer casos com síndromes que alteram o humor e o comportamento, mas são muito raros.
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