Vocês já devem ter ouvido falar de afasia em adultos, pessoas que perdem a fala devido a fatores orgânicos, sendo os principais o AVC, aneurisma, paralisia cerebral, isquemia, traumatismo craniano, tumores cerebrais, Mal de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, etc. Mas, e quando há uma criança com perda da fala?
Existem também as afasias emocionais, que podem ocorrer com traumas emocionais muito fortes, causando um bloqueio na área da fala no cérebro.
Várias mães recorrem à minha clínica com filhos em idades que variam de 3 aos 10 anos com uma fala muito precária e com um vocabulário bem restrito, alguns chegam a falar só “papai”, “mamãe”, “vovó” e nada mais; outros nem falam nada, e os pais, desesperados, recorrem a especialidades médicas como neurologia e psiquiatria na tentativa de obterem um diagnóstico para a afasia infantil; outros recorrem aos médicos otorrinolaringologistas.
Pelos meus estudos no campo da comunicação oral, desde 1968, cheguei à conclusão de que a maioria absoluta dos casos de afasia infantil – ou atraso na linguagem da criança – tem origem emocional, ou, no máximo, uma lentidão maior na área da fala da criança, que necessita de um estímulo contínuo para acelerar este processo. No artigo atraso na linguagem da criança, apresento o meu método para fazer esse tipo de estimulação, e, com ele, e em pouco tempo a criança falará normalmente.
O que mais me incomoda são os diagnósticos totalmente sem embasamento científico que os médicos atribuem à afasia infantil: Já deram pareceres absurdos, como surdez, querendo até operar o ouvido da criança; outros, denominando de afasia infantil, sem a criança apresentar nenhuma lesão neurológica, operaram uma criança de adenóide, sendo que ela respirava muito bem e não apresentava nenhum bloqueio nas fossas nasais.
O pior é que operaram alegando que após a cirurgia ela falaria rapidamente devido à facilidade da respiração, e isso só causa traumas na criança.
Já cheguei a atender pacientes com afasia infantil totalmente lentos devido aos remédios fortíssimos que tomavam para estimular artificialmente a área da fala no cérebro, o que é uma furada.
Os problemas orgânicos que podem desencadear uma dificuldade no amadurecimento da fala e a afasia infantil são bem conhecidos e os próprios pais podem detectar: baixa auditiva, paralisia cerebral, síndrome de down, retardo mental, lesões cerebrais devidas à falta de oxigenação no parto, surdez por excesso de antibióticos fortes para curar meningite meningocócica, traumatismos cranianos em acidentes domésticos ou acidentes automobilísticos.
O que me incomoda muito é quando recebo uma criança no meu consultório com todas as funções vitais normais, apenas com atraso na linguagem, e encontro os pais já desesperados, achando que o filho vai ficar mudo para o resto da vida devido a pareceres médicos insanos, com diagnósticos totalmente sem cabimento científico.
A receita para uma criança falar mais rapidamente é só uma: liberte o seu filho dessa prisão psicológica que vocês, mães e pais, impõem a ele.
Colocar o filho para dormir na cama dos pais é um sintoma de incompetência materna e paterna, vão deixar a criança dependente de ambos para o resto da vida. Conheço pais que colocam a criança num quarto próximo ao deles, e a qualquer resmungo eles levantam e vão dormir com a criança a noite toda.
Outra furada é ficar passando álcool para desinfetar a mão antes de tocar na criança, ela perde toda a defesa imunológica e passa a apresentar uma série de doenças, como asma alérgica, além de outras alergias, e só vive gripada.
Os pais criam o filho num ambiente silencioso, onde as pessoas da casa praticamente não se comunicam, os dois já estão meio estressados devido à labuta diária, detestam conversar: é lógico que a área da fala da criança vai atrofiar e ela irá desenvolver afasia infantil. Às vezes colocam uma babá cheia de problemas na fala, como troca de letras, gagueira, e até timidez, complicando o aprendizado da fala da criança. Já tratei de crianças que assimilaram a gagueira com a convivência com a babá gaga.
O mais grave de tudo são os pais submissos, que é só a criança apontar e eles correm para acatar a ordem do filho – por exemplo, a criança olha para o bebedouro, e os pais já pegam o copo e oferecem água para ela – certamente essa criança não vai falar tão cedo: cai tudo do céu para ela.
Outro rabo preso dos pais é quando a criança vive em dois lares diferentes, os pais são separados, e todos querem compensar a esfera emocional comprando a criança com excesso de mimo, realizando todas as suas vontades, dando tudo na boquinha, pela lei do menor esforço. Chegam a se endividar comprando brinquedos caríssimos, estourando os cartões de crédito, mas carinho e atenção que são bons: nada. Conversar com a criança:: menos ainda – é lógico que também o desenvolvimento da sua fala vai ficar prejudicado.
Recentemente, encontrei com uma renomada psicanalista num vôo para São Paulo, que conhecia muito bem o meu trabalho na oratória e na fonoaudiologia. Conversamos a viagem inteira, e ela fez o seguinte comentário: “Na geração anterior, o meu consultório vivia lotado de pacientes, sendo que a maioria eram pessoas com mais de trinta anos e que já haviam constituído uma família. Com o advento do rabo preso dos pais em dar automóveis, viagens, faculdades caríssimas para os filhos, eles tiveram que abandonar o tratamento por falta de verba e foram obrigados a carregar para o resto da vida as suas encucações psicológicas, em vez de tratá-las”.
Uma aluna do meu curso de oratória, que era engenheira de telemática colocou a filha na creche com seis meses de idade para poder trabalhar. Esta menina, com 5 anos, compareceu numa aula de oratória do meu curso, num sábado, subiu ao palco e deu um show de comunicação: voz grave e forte, uma fala fluente. Já com a filha caçula, a mãe fez a bobagem de deixar em casa com uma babá: esta criança ficou com uma fala muito infantil e tímida, igual à da mãe, que também fora mimada na infância.
Caríssimos leitores, para terminar este desabafo, eu posso orientá-los, de cadeira e experiência, pois possuo sete filhos do mesmo casamento, superindependentes: com oito ano,s os meninos já faziam compras no supermercado; com dez anos, já faziam pagamentos e depósitos bancários. Lembro-me da caçula: com nove anos, carregando um bolo de cartas para levar ao correio. As pessoas me criticavam porque as meninas quando tinham treze, quatorze anos, dirigiam-se sozinhas para as festas de amigos do colégio, e eu e a minha esposa jamais fomos buscá-las. A regra era: “toma o dinheiro do táxi e se vira”. Todos os setes são bem independentes e os meninos são empreendedores: duas meninas trabalham comigo, são fonoaudiólogas; a caçula é psicóloga, e atua em recursos humanos desde os vinte anos de idade – já com dezesseis foi trabalhar numa loja de roupas femininas, e com dezoito chegou a gerente.
Esta foto foi tirada no casamento do meu filho mais velho, Bruno, que recentemente me deu o presente mais lindo da minha vida: uma neta, Nicole, que nasceu loura de olhos azuis, uma gata. Na foto, estão os sete filhos, minha esposa, Ângela, e a minha Mãe.
Para terminar este tema, só posso deixar uma mensagem de esperança para os pais que ficam desesperados quando os seus filhos apresentam esta dificuldade do atraso na fala:
Mesmo quando a origem do problema é orgânica, como citei acima, a criança tem condições de falar, inclusive o surdo não é para ser mudo, é só estimular que ele falará normalmente (veja exemplo no vídeo ao lado).